quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Orchha e Khajuraho - Kama Sutra Temples

E as viagens continuam. No fim de semana que passou fui para Orchha (435 km de Déli) e Khajuraho (600 km de Déli). Duas pequenas cidades históricas e com arquitetura fascinante – templos e palácios dos séculos X e XI. Ambas estão no coração da Índia, no estado chamado Madhya Pradesh.

Viajar na Índia, partindo de Déli, nunca é uma viagem fácil. Assim como o Brasil, a Índia é um país muito grande e apesar da vantagem da malha ferroviária ser grande, as viagens de trem geralmente demandam muitas horas. No bilhete do trem a previsão era de deixarmos Nova Déli às 22h40min h. e chegarmos em Jhansi (uma cidade perto de Orchha) às 05h05min h., trem com ar condicionado e cama para dormir (chamado de ‘AC Sleep’), por algum problema - que não sei explicar qual foi - eles venderam dois bilhetes para a mesma poltrona, quando cheguei na minha cama/assento lá estava um senhor indiano deitado, perguntei ao homem que confere os bilhetes e ele me disse que eu poderia ficar junto com o indiano, ‘sem problemas’, aliás, está é uma frase que a maioria dos indianos adoram dizer, e eles podem fazer isso em todas as línguas. Insisti na impossibilidade de ficar na mesma cama que o outro homem e então fui encaminhado para outro vagão, sem acesso ao vagão que os outros estudantes e o Jason, diretor da escola, estavam. Lá vou eu com minha mochila para o outro vagão, esperei o trem parar em uma estação e fui correndo para o outro vagão, lá estava minha cama, desta vez vazia. Ajeitei minhas coisas, escovei os dentes (não recomendo usar a água do trem para escovar os dentes, tive alguns problemas em Varanasi que podem ter sidos causados pela água do trem) e deitei para dormir. Acordei e já era mais de 6 horas, assustado perguntei para um visinho de cama onde estávamos, ele me disse que ainda faltavam duas estações para Jhansi, sorte a minha, esta é uma qualidade (ou defeito) que a Índia não copiou dos Ingleses - uma vez que foram colonizados pela Inglaterra - a pontualidade. Em geral, os indianos estão sempre atrasados e as coisas demoram mais tempo do que eles prometem.

Duas estações depois desci em Jhansi e encontrei com os outros que viajavam junto comigo, estávamos em cinco pessoas, esta é uma boa quantidade, as decisões são tomadas mais rápido e é mais fácil para se mover pelas cidades. Uma parte da viagem estava concluída, depois do trem pegamos um taxi para ir até Khajuraho, já tínhamos viajado quase 9 horas de trem e ainda faltavam mais 3 horas e meia de carro. Após longa negociação, acertamos com um grande carro e fomos para Khajuraho. Chegamos lá mais de uma hora da tarde, fomos direto para um restaurante justo em frente ao conjunto de templos mais conhecido da cidade, almoçamos e fomos conhecer os templos.

Os templos são bem conservados e a cidade é a mais limpa que conheci até agora aqui na Índia, na verdade é uma pequena vila no meio da floresta, muitas casas sem energia e as pessoas caminham pela rua com baldes de água na cabeça, provavelmente não tem água encanada. O preço do bilhete para turistas é Rs 250,00 (algo em torno de dez reais). Atualmente, Khajuraho é um dos mais populares destinos da Índia, do lado externo dos templos Hindus existem esculturas feitas em pedra de homens e mulheres em posições do Kama Sutra. Na verdade, o manual do Kama Sutra, que significa ‘modos de amar’ (tradução própria), foi escrito por um indiano segundo os princípios da filosofia Hindu. Os Hindus usam ir aos templos para orar, encontrei diversas famílias nos templos, as imagens são admiradas e tratadas com respeito, recomendo que contratem um guia quando conhecerem esses templos, existem muitos detalhes imperceptíveis àqueles que não conhecem a história dos templos.




Conhecemos mais dois templos fora do principal complexo de templos e fomos para Orchha. Partimos de Khajuraho umas 19 horas e a viagem entre Khajuraho e Orchha demorou 3 horas e meia, estávamos desde o dia anterior sem tomar banho, dormimos no trem e andamos o dia inteiro, nem vi quando saímos de Khajuraho, dormi assim que entramos no carro. Após umas duas horas de viagem, muitos trancos por causa da má conservação das estradas, poderia dizer que a estrada estava deserta se não fossem as vacas e bois pelo caminho, acordei e fui surpreendido mais uma vez, vimos um corpo estendido na estrada, pedimos para o motorista parar, ele já tinha passado reto, e vimos de dentro do carro que a pessoa provavelmente tinha sido atropelada, as pernas estavam em uma posição estranha e o rosto do homem estava virado para o chão, não parecia um mendigo, vestia roupas normais. O motorista falou para não pararmos e que ele iria ligar para a polícia, o corpo ficou lá, não me senti muito bem com isso, pensei em colocar alguns galhos para sinalizar, quase não vimos o corpo no chão e outro acidente poderia acontecer, enfim, acatamos a sugestão do motorista, ele disse que em 10 anos como motorista já viu essa cena umas oito vezes, corpos mortos abandonados nas estradas. Paramos no próximo posto de gasolina e ele ligou para a polícia.



Quando chegamos a nosso hotel em Orchha, mais uma surpresa para mim, o hotel era dentro de um palácio, essa é a vantagem e desvantagem de viajar com o diretor da escola, ficamos em um hotel muito bom, mas tivemos que pagar por isso. O Hotel se chama Sheesh Mahal e tem apenas sete quartos mais a suíte imperial, na verdade o hotel era usado pelo rei da Inglaterra, quando ele visitava os palácios que foram construídos por outros reis entre os séculos IX e XI. Estávamos cansados e precisando de um banho, o quarto era confortável, limpo e os móveis impressionam, o banheiro é maior que o meu quarto daqui de Déli. Tomamos um banho e jantamos na cobertura do hotel, a comida servida estava muito boa, comemos alguns pratos indianos, incluindo um que eu gosto chamado Frango na Manteiga (também minha tradução). Depois de comer um monte e com o cansaço e adrenalina do dia, tive uma ótima noite de sono – o que não é muito difícil de acontecer.





No dia seguinte acordei 6 horas da manhã para ver o nascer do Sol, o dia estava nublado, voltei a dormir e acordei de novo às 8 horas, tomei café da manhã e fui sozinho conhecer os palácios em volta do hotel, o bilhete custou o mesmo que o dos templos do dia anterior: Rs 250,00. A construção é fascinante, visitei o quarto principal do palácio, todos os andares, as muitas entradas e pequenas salas, a princípio sem sentido para mim. É interessante imaginar como foi possível construírem esses palácios há tantos anos atrás e como eles gastavam espaço, tempo e dinheiro com construções como essas, o palácio tem uma estrutura enorme e toda a área em volta é cercada por um muro de pedras, visitei um estábulo de camelos, a cozinha do palácio e a casa dos soldados, tudo no palácio é muito grande e bem decorado, a conservação não é das melhores, mesmo assim gostei de conhecer. Perdi o caminho de volta algumas vezes e outras vezes os quartos escuros, com morcegos e totalmente vazios, arrepiaram minha espinha, estava praticamente sozinho no palácio, os estreitos corredores e escadas espalhados por todos os lados com um pouco de musgo na parede causado pelas chuvas, fizeram a adrenalina subir, o medo e a curiosidade de entrar em todos os buracos se misturavam.








Forno Tandoor

Jason (Canadá), Charlene (Bélgica), Mana (Japão), Renée (Canadá) e eu.

Voltei para o hotel era quase meio dia, almoçamos e pegamos o taxi para a estação de Jhansi. O hotel custou caro se comparado com os outros que fiquei antes, exatamente Rs 700,00 por pessoa (R$ 30,00) mais o valor do jantar, se você pensar que o hotel inteiro têm só 8 quartos, é difícil entender como eles mantém o hotel com esse preço.

A viagem de volta foi mais rápida, algo em torno de 5 horas e meia em classe com ar condicionado e em poltronas. Tinha ouvido falar que quando se viaja em poltronas eles servem um monte de comida, é verdade. Não consegui comer todas as refeições servidas, acho que 5 no total.



Chegamos de volta em Nova Déli e pegamos o metro, uma nova estação perto da escola ficou pronta, esta foi minha primeira vez no metro de Déli, a fila para comprar os bilhetes era um pouco longa, assim como é em São Paulo, a diferença é que existe diferença de preço dependendo das distâncias entre as estações, do centro de Déli até a escola pagamos Rs 18,00 (menos de R$ 1,00) cada um. O metro é limpo, com segurança reforçada (inclusive com Raio-X para as mochilas) e novo, foi bom saber, os autorickshaws perderam um cliente para longas distâncias.

Mais fotos de Orchha ou Khajuraho? Visite a página Índia, dia 18/09/10.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Manali - Rohtang Pass

Após longo recesso, estou de volta. Essas duas últimas semanas foram bastante incomuns. Primeiro troquei de casa, depois fui para Manali, nos Himalayas, e quando voltei peguei Dengue, mais de 10 dias na cama.

No fim de semana que fui para Manali deixei a casa da Suparna (Homestay) e vim para o apartamento A-100, em Shivalik. O apartamento é muito bom, ampla sala de TV, cozinha de tamanho normal (pequena - se comparada com as cozinhas no Brasil) e minha companheira de apartamento é uma pessoa fácil de conviver: Mana, uma estudante do Japão. Meu quarto é o menor dos três do apartamento, tem uma cama e um guarda roupa embutido, para mim é o suficiente. Nos primeiros dias aqui fiquei sozinho, a Mana estava viajando e justo nestes dias fiquei de cama, peguei Dengue e fiquei amigo de quase todo mundo no Hospital, ia pra lá todo dia para fazer exame de sangue. Geralmente não gosto do ambiente dos hospitais (gosto do ambiente do hospital Edmundo Vasconcelos em São Paulo, especialmente de uma médica que trabalha lá), mas o hospital aqui é muito bom, chama-se Max Health Care. Prédio novo e bem conservado, rápido atendimento, médico atencioso, é claro que tudo isso tem um preço, o hospital é particular.

Mudando de assunto, uma semana antes de ficar em repouso fui para Manali, isso sim é um bom assunto. Coloquei algumas fotos na página Índia e aquela é uma região que eu particularmente gostei. A maioria dos turistas lá são hippies e é normal você encontrar alguns pés de maconha pela rua, ainda assim o lugar é - como diz o tio Jura - fantástico. A começar pelas pessoas, são totalmente diferentes das pessoas de Nova Déli, são pessoas simples, amigáveis, atenciosas e educadas, sempre disponíveis para ajudar e não enxergam você (turista) só como mais uma fonte de ganhar dinheiro, algo que aqui em Déli é normal. Além é claro da paisagem e do clima, a cidade fica em um vale e o clima é clima de montanha, ar fresco e sem poluição. A cidade é dividida em New Manali e Old Manali, obviamente New Manali é a parte nova da cidade, com alguns comércios, restaurantes e pousadas, mas ficamos em Old Manali, com certeza é o melhor lugar para se ficar, as pousadas que ficamos não eram novas, longe disso, mas ambas com banheiro privativo e uma boa cama. Antes de irmos reservamos uma pousada, Ritsh Guest House, a vista da varanda é muito bonita, os quartos são muito bons e o dono é simpático, ficamos lá um dia e depois mudamos de pousada, primeiro porque achamos outras pousadas mais baratas no centro de Old Manali, mas tivemos que trocar uma vez após essa porque a primeira pousada que fomos não tinha água no banheiro.



Eric (Coréia do Sul) e eu.

Logo na primeira manhã em Manali, conversei com um morador e ele comentou sobre uma plantação (eles chamam de jardim) de maças no alto da montanha onde fica o Ritsh Guest House, alguns colegas e eu decidimos caminhar nesta montanha para conhecer o lugar, afinal, não poderíamos deixar a região sem antes caminhar nas montanhas dos Himalayas. Na metade do caminho alguns desistiram, na verdade só o Gabriel e eu continuamos a subir montanha acima, acho que andamos umas duas horas até encontrarmos uma pequena cabana no alto da montanha com vista para uma plantação de maças, o dono da pequena plantação foi muito receptivo e nos ofereceu um ‘chai’, nossa comunicação foi na base de gestos e sinais, ele falava Hindi e não entendia nada em Inglês, na verdade não foi necessário, sentamos na sala da pequena cabana, conhecemos outros moradores, tomamos o chá e ele nos guiou até o pico da montanha, nos explicou para não descermos pelo outro lado da montanha porque poderíamos encontrar ursos, nos presenteou com várias maças recém colhidas e fizemos o caminho inverso para voltarmos à pousada, minhas caminhadas diárias por Déli me prepararam para a subida, não foi fácil, mas senti que conhecer esse simples senhor fez valer à pena.



Gabriel (Espanha) e eu.

A maioria dos estudantes voltou no domingo e ficamos em quatro pessoas por mais dois dias, a viagem de ida tinha demorado quase 20 horas, entendemos que não teria sentido ficar em Manali só um dia e meio e viajar por quase dois dias, depois de eles partirem a viagem ficou ainda mais interessante, fomos para Rohtang Pass.

Rohtang Pass é um lugar que fica a quase 4.000 metros de altitude em relação ao mar, nos altos das montanhas dos Himalayas, fica na estrada que vai para Leh, estado de Kashmir. Para efeitos de comparação, o ponto mais alto do Brasil é o Pico da Neblina, com quase 3.000 metros de altitude. Fomos de jipe, a jornada pela estreita e íngreme estrada foi de 3 horas, partindo de Manali. Neste lugar tive a real sensação de estar nas montanhas, muito frio, dificuldade para respirar e uma vista sensacional dos picos congelados, era possível ir até esses picos de cavalo, mas não ficamos lá por mais de 2 horas, não teria tempo de aproveitar a paisagem. Após esta viagem fiquei ainda com mais vontade de ir para o Nepal ou Butão, algumas pessoas falaram que Manali é uma pequena amostra de como são esses países.



Quase me esqueço de comentar, este senhor trabalhando na foto acima é um limpador de ouvido, você pode encontrar um desses facilmente andando por Manali, eis uma profissão que não tenho interesse.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Lotus Temple e Carne (isso mesmo: Carne!)

Após um mês na Índia, ontem foi o primeiro dia que comi carne vermelha! Quem me conhece sabe que este momento é mais do que suficiente para um post.

Ontem foi dia festivo aqui, dia do Rakhi /Raksha Bandhan. Assim como no Brasil, um festival aqui é um bom motivo para feriado, não tive aula.

No dia do Rakhi Bandhan, os Hindus dão algum presente, uma pulseira típica ou dinheiro, por exemplo, para seus irmãos e prometem ajudá-los e protegê-los sempre que for preciso. Um gesto nobre que movimenta quase toda a cidade, órgãos públicos não abrem e os comércios se transformam. Fico impressionado com a capacidade de adaptação do comércio local, farmácias, padarias, lojas de roupas, de calçados, quase tudo se transforma em uma grande feira de pulseiras e presentes, se não existe espaço dentro das lojas, as calçadas são tomadas por barracas e todos aproveitam a ocasião para aumentar o faturamento.

Alguns alunos da escola e eu aproveitamos o dia sem aula para conhecer o Templo de Lótus. A história deste templo é interessante, trata-se de uma construção recente, foi finalizada em 1986 e não existe uma religião específica. Todos podem freqüentar e este foi o objetivo da construção, fazer com que todas as religiões pudessem viver em harmonia, cada um com seus costumes, crenças e respeito, tudo em um só lugar. A arquitetura é fantástica e chama a atenção logo que avistada, fica no centro de um grande jardim e a sua volta existe nove grandes piscinas de água, que torna a construção ainda mais bonita. Se der uma volta completa pelo lado de fora da grande flor, consegue ver a ponta do Iskcon Temple e, inevitavelmente, verá algumas favelas.




Batizei este pássaro de Caçula.


No interior não é permitido fotografar, eles não pareciam muito rigorosos como em Varanasi, mas respeitei a orientação. O chão é de pedra branca, mármore ou algo parecido, não existe imagens ou símbolos específicos, o lugar é bastante iluminado e o ar é fresco, boa parte do salão é ocupada com bancos de madeira com assentos feitos com a mesma pedra branca do piso. Um bom lugar para sentar, fazer uma oração e relaxar por um instante.

Demoramos um pouco para arranjarmos um ‘auto rickshaw’ com combustível suficiente e preço justo para irmos até Connaught Place. Lá almoçamos em um restaurante mexicano chamado RODEO, eles servem Tacos e Burritos, ambos com carne vermelha ou carne de frango! Não sei que carne vermelha era e, na verdade, não queria saber. Estava uma delícia! O preço do Buffet completo é Rs 600,00 / R$ 25,00, com direito a uma caneca de cerveja e sobremesa.

domingo, 22 de agosto de 2010

Comidinhas...

Gravei este vídeo em Defense Colony no dia do meu aniversário, gosto de experimentar todo tipo de comida, nem sempre meu paladar aprova os sabores, este é um exemplo.


Existiam várias bancas como essa e um senhor que estava comendo antes de eu experimentar disse que isso é bom para a digestão. Havia comido um monte no restaurante indiano e um digestivo me parecia uma boa idéia.

Não me surpreendo mais com o modo de preparo, a pessoa quem recebe o dinheiro é também quem prepara os digestivos - isso é normal aqui - e todos os vendedores ambulantes gostam de usar bastante as mãos para preparar comidas/guloseimas. Acho que foi uma dessas guloseimas que me fez passar mal em Varanasi, mas agora meu estomago está ficando mais resistente!

Qual o sabor dessa trouxinha condimentada? Não consegui engolir tudo, era muito doce e com sabor de perfume, nunca experimentei beber perfume, mas tenho certeza que tem esse sabor. Sabe aqueles perfumes doces que dá dor de cabeça só de sentir o cheiro? Agora imagine comer isso com um vários tempeiros enrolado em uma folha verde.

Rogério, gostaria de experimentar esse?

sábado, 21 de agosto de 2010

Iskcon Temple e Qutab Minar

Durante a semana coloquei algumas fotos na página Índia (clique no link para ver), na quinta feira passada (12/08) fui conhecer o templo Iskcon e no sábado (14/08) o monumento Qutab Minar, ambos aqui em Nova Déli.

Assim como tudo aqui em Déli, o templo Iskcon está em reforma, mesmo assim gostei bastante, este é o templo do Hare Rama Hare Krishna, ele foi um pregador da espiritualidade há 3.000 anos.

Cheguei ao templo quando estavam celebrando algo, não sei dizer exato o que era ou como se chama, vou usar a palavra ‘culto’. Várias pessoas tocando diversos instrumentos, outras dançando e cantando. A atmosférica era muito boa, na verdade todos estavam dançando e cantando, não somente os que trabalham no templo.

Fui com outros estudantes da escola e fomos bem recebidos, sentamos no chão com o pessoal da banda para admirar a cantoria e o lugar. Existe mais de um “altar” e atrás dos altares uma galeria de exposição de quadros, em quase todos os quadros Hare Krishna está rodeado de mulheres, comida e bebida. Imagino que os quadros contam a vida de Krishna, desde sua infância, e em alguns deles ele também está tocando um tipo de flauta. Entre um quadro e outro vi também alguns quadros estranhos, um homem com cabeça de leão abrindo a barriga de outra pessoa com as mãos é um exemplo. Este templo foi construído em 1998 pelos seguidores do Hare Krishna Hare Rama. Gostei da experiência e penso em voltar lá novamente para ver o museu - fechado para reforma.

Aí sim! O restaurante do templo é muito bom, buffet de comida vegetariana, você paga uma taxa única, come a vontade, ganha uma batida não alcoólica de coco e no fim uma bola de sorvete. Preço: Rs 300,00 / R$12,50 – fica a dica.






Acordei cedo no sábado para ir à Qutab Minar, antes fui com o Tobias (Suíça) em um hotel para ele encontrar seu tio, acho que o hotel fica a mais de 20 quilômetros da minha casa, fomos com o Balhan (Nepal). Na região onde fica este hotel, Gougaon, existem muitas empresas e novos prédios, não vou falar que o lugar é bonito porque também está em reforma, mas daqui alguns meses vai ficar. O hotel é encostado no maior shopping da Índia (Ambience Shopping Mall). Deixamos o Tobias no hotel e partimos para Qutab Minar.

Assim que chegamos ao monumento fui comprar meu ticket, indianos pagam Rs 20,00 (vinte rúpias) e estrangeiros Rs 250,00 (duzentos e cinquenta rúpias). Tudo bem, já estou me acostumando.


Segundo algumas pessoas com quem conversei lá, Qutab Minar é a torre individual mais alta do Mundo, com 234 metros de altura. Foi construído no ano de 1200 e não entendi o real motivo da construção, uns dizem que foi para celebrar a vitória de uma guerra e outros falam que serviu de observatório. Atualmente não é permitido subir nos quase 400 degraus, a torre já resistiu a diversos terremotos e, por segurança, é proibido subir no topo da torre.

Assim como em outras antigas construções, sempre imagino como foi possível construírem aquilo há tantos anos atrás, somente com recursos humanos, alguns pilares são de pedra maciça, tem mais de um metro de comprimento e com certeza pesam muitos quilos.





Na semana que passou foi meu aniversário (dia 18) e saí com o pessoal da escola para comemorarmos, não gosto muito de comemorar meu aniversário, mas como quase todos os alunos queriam fazer algo, fomos em um pequeno bar chamado Red Monkey (Caçula, esse nome me lembra você) no bairro Defense Colony, experimentei algumas cervejas (VB – Australia, Tuborg – Turquia e CarlsBerg - Dinamarca), depois fomos a um restaurante de comida indiana, também em Defense Colony, comi vários tipos de comidas e gostei de todas, não lembro os nomes e não sei exatamente o que eram, basicamente: vegetais ou frango com massalad (um tipo de molho) - tudo aqui tem o gosto desse molho, que é feito com curry.


Ganhei um bolo (sem chocolate!) com o meu nome estampado: Lucus! Engraçado, assim como é difícil para eu lembrar e pronunciar o nome da maioria das pessoas aqui, o meu nome não é fácil de entender também. Embaixo do nome colocaram minha usual palavra aqui: ‘What!?’. Nem sempre compreendo todos os diferentes sotaques das pessoas que convivo: indianos, sul koreanos, japoneses, franceses entre outros. Neste mesmo dia ainda fomos a outro bar, no Select City Walk, que fica em shopping daqui de Déli. O lugar é bonito e caro (gastei R$ 42,00 – é muito dinheiro aqui), fica no terraço do shopping. As pessoas lá eram indianas e se vestiam como nós (calça jeans, camiseta e tênis), e a maioria das pessoas da escola vestidas com roupa de indianos, inclusive eu.







quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Por que Índia? – III

Sabiam que ainda escuto essa pergunta? Na casa onde eu moro a dona também recebe integrantes de um grupo que envia voluntários para trabalhos solidários, semana passada havia um casal de ingleses, eles foram embora e essa semana chegaram duas inglesas. A pergunta é sempre a mesma: “Por que você escolheu a Índia? A América não é mais perto?” (eles acham que só os EUA e Canadá são América).

Meu trajeto casa/escola é de quase cinco quilômetros, na maioria dos dias estou fazendo o trajeto a pé, no começo era para conhecer o caminho, agora é para observar o que acontece pelas ruas, já mudei o caminho algumas vezes e mesmo que fizesse sempre o mesmo caminho sei que vou encontrar coisas diferentes e interessantes. Além de me exercitar um pouco esse é um bom momento para refletir, simplesmente pensar, e, de vez em quando me vejo pensando nesta pergunta. Não preciso mais de um minuto para observar uma possível resposta. Ou é algo inusitado que acontece no trânsito, ou alguma pessoa que passa do meu lado, ou qualquer outra coisa que eu sei que só poderia estar vendo aqui. Estas são minhas melhores respostas.

Alguns exemplos: Onde mais as ruas não têm direção definida para os carros? Onde mais você pode ver animais andando livremente no meio do trânsito? Em que outro lugar você consegue barganhar preços a menos de um terço da primeira oferta? Onde poderiam ser fabricados carros sem retrovisores? E onde a buzina é considerada item obrigatório e a seta item opcional do carro? Errados? Certos? Simplesmente diferentes.

O simples fato de andar na rua aqui é diferente, você nunca pode confiar na mão que está, a qualquer momento um carro, moto, autorickshaw ou bicicleta pode vir do outro sentido, mesmo que nesta rua passe somente um veículo. Como dizia (e com certeza que ainda diz) o Alencar: “É preciso desligar o automático”. Vez e outra dou trombada em alguém pelas ruas. Nunca tinha pensado que quando ando pela rua e tem outra pessoa vindo na direção oposta, sempre escolho (involuntariamente) o lado direito para passar, aqui é o contrário. Vou pelo lado automático e a outra pessoa também, aí é trombada na certa. Não sei se peço desculpas ou se dou risada, risada de mim mesmo. Pode não parecer engraçado, mas é diferente.

Em menos de três semanas vi tanta coisa que se fosse escrever tudo que vi nesses poucos trajetos casa/escola/escola/casa que fiz, não faria outra coisa a noite e você não teria paciência de ler.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Varanasi

No fim de semana que passou fui para Varanasi, a cidade sagrada para os Hindus. A viagem foi cansativa, são aproximadamente 800 quilômetros de distância e o trem demora mais de 14 horas para fazer esse trajeto. Fui na sexta feira a tarde e cheguei de volta em Nova Déli na segunda de manhã. Todos falaram que somente um fim de semana é pouco para conhecer Varanasi, concordo, afinal não tive tempo para conhecer todos os templos da cidade, mas gostei de ter voltado para Déli.

A estação de trem em Déli aparenta ser nova, mas já está abandonada, nada funciona e nenhuma das lojas ou lugares de informações estão abertos. Na verdade, Déli inteira está em reforma, no começo do ano que vem a Índia vai sediar os jogos mundiais de Cricket e as coisas só vão começar a funcionar depois dos jogos, é a impressão que tenho. Espero que o mesmo não aconteça com o Brasil antes da Copa do Mundo de Futebol.

Viajei com mais 10 pessoas, todos alunos da mesma escola de inglês. Viajamos na classe com ar condicionado e cama, é o dobro do preço da classe normal e metade do preço da primeira classe, foi uma boa escolha. Vi alguns vagões da classe normal e não acho que seria possível fazer essa viagem de 14 horas naquelas condições, não por enquanto - quem sabe daqui uns meses. Abaixo estão algumas fotos das nossas acomodações e da paisagem do trajeto.



Esses são Marcus (Alemanha) e Gabriel (Espanha)


Chegamos em Varanasi umas oito horas da manhã, perguntamos para um homem onde ficava nosso hotel e ele nos acompanhou até lá, parte do caminho fomos com autorickshaw e parte do caminho a pé. Os veículos não entram nas ruelas perto das margens do rio Ganges. Vacas, macacos, cabritos, cachorros e outros animais vivem nessas ruelas e muitas vezes temos que desviar deles ou das sujeiras que eles deixam pelo caminho. Essas ruelas têm no máximo dois metros de largura e todas são cheias de resto de comidas e lixos pelo chão.

Após tomarmos banho, deixamos nossas mochilas no hotel e fomos conhecer um pouco a cidade, andamos pelas ruas sem saber ao certo para onde estávamos indo até que chegamos em Jalasai Ghat, um dos mais famosos lugares onde se cremam corpos antes de jogarem os restos no rio Ganges. A experiência não foi muito boa, ao chegarmos um morador local disse que não era permitido tirar fotos, nem todos escutaram e o Gabriel (Espanha) tirou uma foto, um cara perguntou por que ele tinha tirado foto e começou a juntar pessoas em volta dele para tirar satisfação, o clima ficou um pouco quente e no fim ele deu 1.500 rúpias de “donativos” para ser perdoado e poder deixar o local em paz, a partir daí o lugar deixou de ser tão interessante para mim. Saí com o Gabriel daquele lugar e fomos procurar algo para comer, por sorte encontramos um aconchegante restaurante, Bona Café, cuja dona é koreana e prepara as refeições com água mineral, foi um achado. Aguardamos todos chegarem, almoçamos e fomos finalmente conhecer o rio Ganges.





No fim da tarde pegamos um barco para conhecer alguns templos na beira do rio e no fim assistimos uma cerimônia em homenagem à Shiva que acontecia no Prayag Ghat, lugar onde Shiva fazia suas orações.




Na manhã seguinte acordamos cedo para ver o nascer do sol da margem do rio e pegamos outro barco para conhecer novos lugares, meu estomago não estava muito bem e o tempo não passava, ficamos aproximadamente 1 hora subindo o rio de barco e atracamos para ver o templo dos Macacos, um lugar interessante com muitos macacos e muitas pessoas orando para o Deus em forma de Macaco.


Neste dia não consegui almoçar e fiquei até umas duas horas no hotel, então fui para o Bona Café e fiquei lá até umas 18 horas, eu já tinha tomado um remédio que a Dra. Larissa havia receitado para problemas estomacais, mas a Sra. Bona disse que teve o mesmo problema quando chegou à Índia e que somente medicamento local fez ela se sentir melhor, agora estou tomando os dois remédios, do Brasil e da Índia, espero que algum deles resolva meu problema.




No trajeto de volta não me lembro de nada interessante, dormi as 15 horas de viagem, pelo menos não precisei usar o banheiro do trem, tenho certeza que ninguém gostaria de ver uma foto daquele lugar.