quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Orchha e Khajuraho - Kama Sutra Temples

E as viagens continuam. No fim de semana que passou fui para Orchha (435 km de Déli) e Khajuraho (600 km de Déli). Duas pequenas cidades históricas e com arquitetura fascinante – templos e palácios dos séculos X e XI. Ambas estão no coração da Índia, no estado chamado Madhya Pradesh.

Viajar na Índia, partindo de Déli, nunca é uma viagem fácil. Assim como o Brasil, a Índia é um país muito grande e apesar da vantagem da malha ferroviária ser grande, as viagens de trem geralmente demandam muitas horas. No bilhete do trem a previsão era de deixarmos Nova Déli às 22h40min h. e chegarmos em Jhansi (uma cidade perto de Orchha) às 05h05min h., trem com ar condicionado e cama para dormir (chamado de ‘AC Sleep’), por algum problema - que não sei explicar qual foi - eles venderam dois bilhetes para a mesma poltrona, quando cheguei na minha cama/assento lá estava um senhor indiano deitado, perguntei ao homem que confere os bilhetes e ele me disse que eu poderia ficar junto com o indiano, ‘sem problemas’, aliás, está é uma frase que a maioria dos indianos adoram dizer, e eles podem fazer isso em todas as línguas. Insisti na impossibilidade de ficar na mesma cama que o outro homem e então fui encaminhado para outro vagão, sem acesso ao vagão que os outros estudantes e o Jason, diretor da escola, estavam. Lá vou eu com minha mochila para o outro vagão, esperei o trem parar em uma estação e fui correndo para o outro vagão, lá estava minha cama, desta vez vazia. Ajeitei minhas coisas, escovei os dentes (não recomendo usar a água do trem para escovar os dentes, tive alguns problemas em Varanasi que podem ter sidos causados pela água do trem) e deitei para dormir. Acordei e já era mais de 6 horas, assustado perguntei para um visinho de cama onde estávamos, ele me disse que ainda faltavam duas estações para Jhansi, sorte a minha, esta é uma qualidade (ou defeito) que a Índia não copiou dos Ingleses - uma vez que foram colonizados pela Inglaterra - a pontualidade. Em geral, os indianos estão sempre atrasados e as coisas demoram mais tempo do que eles prometem.

Duas estações depois desci em Jhansi e encontrei com os outros que viajavam junto comigo, estávamos em cinco pessoas, esta é uma boa quantidade, as decisões são tomadas mais rápido e é mais fácil para se mover pelas cidades. Uma parte da viagem estava concluída, depois do trem pegamos um taxi para ir até Khajuraho, já tínhamos viajado quase 9 horas de trem e ainda faltavam mais 3 horas e meia de carro. Após longa negociação, acertamos com um grande carro e fomos para Khajuraho. Chegamos lá mais de uma hora da tarde, fomos direto para um restaurante justo em frente ao conjunto de templos mais conhecido da cidade, almoçamos e fomos conhecer os templos.

Os templos são bem conservados e a cidade é a mais limpa que conheci até agora aqui na Índia, na verdade é uma pequena vila no meio da floresta, muitas casas sem energia e as pessoas caminham pela rua com baldes de água na cabeça, provavelmente não tem água encanada. O preço do bilhete para turistas é Rs 250,00 (algo em torno de dez reais). Atualmente, Khajuraho é um dos mais populares destinos da Índia, do lado externo dos templos Hindus existem esculturas feitas em pedra de homens e mulheres em posições do Kama Sutra. Na verdade, o manual do Kama Sutra, que significa ‘modos de amar’ (tradução própria), foi escrito por um indiano segundo os princípios da filosofia Hindu. Os Hindus usam ir aos templos para orar, encontrei diversas famílias nos templos, as imagens são admiradas e tratadas com respeito, recomendo que contratem um guia quando conhecerem esses templos, existem muitos detalhes imperceptíveis àqueles que não conhecem a história dos templos.




Conhecemos mais dois templos fora do principal complexo de templos e fomos para Orchha. Partimos de Khajuraho umas 19 horas e a viagem entre Khajuraho e Orchha demorou 3 horas e meia, estávamos desde o dia anterior sem tomar banho, dormimos no trem e andamos o dia inteiro, nem vi quando saímos de Khajuraho, dormi assim que entramos no carro. Após umas duas horas de viagem, muitos trancos por causa da má conservação das estradas, poderia dizer que a estrada estava deserta se não fossem as vacas e bois pelo caminho, acordei e fui surpreendido mais uma vez, vimos um corpo estendido na estrada, pedimos para o motorista parar, ele já tinha passado reto, e vimos de dentro do carro que a pessoa provavelmente tinha sido atropelada, as pernas estavam em uma posição estranha e o rosto do homem estava virado para o chão, não parecia um mendigo, vestia roupas normais. O motorista falou para não pararmos e que ele iria ligar para a polícia, o corpo ficou lá, não me senti muito bem com isso, pensei em colocar alguns galhos para sinalizar, quase não vimos o corpo no chão e outro acidente poderia acontecer, enfim, acatamos a sugestão do motorista, ele disse que em 10 anos como motorista já viu essa cena umas oito vezes, corpos mortos abandonados nas estradas. Paramos no próximo posto de gasolina e ele ligou para a polícia.



Quando chegamos a nosso hotel em Orchha, mais uma surpresa para mim, o hotel era dentro de um palácio, essa é a vantagem e desvantagem de viajar com o diretor da escola, ficamos em um hotel muito bom, mas tivemos que pagar por isso. O Hotel se chama Sheesh Mahal e tem apenas sete quartos mais a suíte imperial, na verdade o hotel era usado pelo rei da Inglaterra, quando ele visitava os palácios que foram construídos por outros reis entre os séculos IX e XI. Estávamos cansados e precisando de um banho, o quarto era confortável, limpo e os móveis impressionam, o banheiro é maior que o meu quarto daqui de Déli. Tomamos um banho e jantamos na cobertura do hotel, a comida servida estava muito boa, comemos alguns pratos indianos, incluindo um que eu gosto chamado Frango na Manteiga (também minha tradução). Depois de comer um monte e com o cansaço e adrenalina do dia, tive uma ótima noite de sono – o que não é muito difícil de acontecer.





No dia seguinte acordei 6 horas da manhã para ver o nascer do Sol, o dia estava nublado, voltei a dormir e acordei de novo às 8 horas, tomei café da manhã e fui sozinho conhecer os palácios em volta do hotel, o bilhete custou o mesmo que o dos templos do dia anterior: Rs 250,00. A construção é fascinante, visitei o quarto principal do palácio, todos os andares, as muitas entradas e pequenas salas, a princípio sem sentido para mim. É interessante imaginar como foi possível construírem esses palácios há tantos anos atrás e como eles gastavam espaço, tempo e dinheiro com construções como essas, o palácio tem uma estrutura enorme e toda a área em volta é cercada por um muro de pedras, visitei um estábulo de camelos, a cozinha do palácio e a casa dos soldados, tudo no palácio é muito grande e bem decorado, a conservação não é das melhores, mesmo assim gostei de conhecer. Perdi o caminho de volta algumas vezes e outras vezes os quartos escuros, com morcegos e totalmente vazios, arrepiaram minha espinha, estava praticamente sozinho no palácio, os estreitos corredores e escadas espalhados por todos os lados com um pouco de musgo na parede causado pelas chuvas, fizeram a adrenalina subir, o medo e a curiosidade de entrar em todos os buracos se misturavam.








Forno Tandoor

Jason (Canadá), Charlene (Bélgica), Mana (Japão), Renée (Canadá) e eu.

Voltei para o hotel era quase meio dia, almoçamos e pegamos o taxi para a estação de Jhansi. O hotel custou caro se comparado com os outros que fiquei antes, exatamente Rs 700,00 por pessoa (R$ 30,00) mais o valor do jantar, se você pensar que o hotel inteiro têm só 8 quartos, é difícil entender como eles mantém o hotel com esse preço.

A viagem de volta foi mais rápida, algo em torno de 5 horas e meia em classe com ar condicionado e em poltronas. Tinha ouvido falar que quando se viaja em poltronas eles servem um monte de comida, é verdade. Não consegui comer todas as refeições servidas, acho que 5 no total.



Chegamos de volta em Nova Déli e pegamos o metro, uma nova estação perto da escola ficou pronta, esta foi minha primeira vez no metro de Déli, a fila para comprar os bilhetes era um pouco longa, assim como é em São Paulo, a diferença é que existe diferença de preço dependendo das distâncias entre as estações, do centro de Déli até a escola pagamos Rs 18,00 (menos de R$ 1,00) cada um. O metro é limpo, com segurança reforçada (inclusive com Raio-X para as mochilas) e novo, foi bom saber, os autorickshaws perderam um cliente para longas distâncias.

Mais fotos de Orchha ou Khajuraho? Visite a página Índia, dia 18/09/10.

4 comentários:

  1. Oiiieee!!!!
    Muito lindas as fotos da viagem!!! Que bom que deu tudo certo!!! Adoreiii os castelosss....
    Saudades!!! Bjao! Love u

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  2. Continua colocando fotos suas...lindas estas que vc colocou...o luiz pediu pra colocar algumas fotos dos animais que vc encontra na rua...bjo

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  3. Oi, Lú....que saudades...se não me engano está sem o bigodinho de indiano...está melhor assim. Bjos Ariane

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  4. OI Lu as fts sao lindas os lugares ai sao mto lindos e as escuturas coisa de outro mundo sdds bjxxx Debora

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